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Foto do escritorJuliana Bertoncel

O "burnout" do Instagram e o recomeço

Em 2015, eu ainda não participava do Instagram e nem entendia sua finalidade, mas por incentivo de uma amiga, por quem sou muito grata, criei um perfil profissional sobre o meu trabalho.


Comecei a postar coisas que achava interessantes sobre musicoterapia/cantoterapia, além de alguns posts humorísticos com o personagem que eu havia criado chamado "Mozart Irônico".


Na época, esse meu perfil se chamava Terapia e Música, e Wolfgang Amadeus Mozart, um compositor famoso do período clássico, era o símbolo perfeito para fazer algumas piadas musicais.






O perfil cresceu muito rápido, e comecei a perceber que poderia influenciar e contribuir de forma mais profunda na vida das pessoas. O "Mozart Irônico" ficou pra história, mudei o nome do perfil para o meu nome e passei a compartilhar muito mais sobre constelação sistêmica (numa época que ainda ninguém falava sobre isso) do que sobre música e terapia. Tudo era feito através do feed, e a entrega nesta época ainda não dependia do algoritmo.


Com o passar do tempo, o mundo digital experienciou uma expansão gigantesca:

-> o sistema de entrega dos posts mudou (agora dependia do algoritmo)

-> surgiram novos formatos de entrega: lives, stories, carrossel, reels… (isso sem falar nas outras mídias como YT, a rede vizinha, Blog, Pinterest, e etc).

-> passou a exigir novos conhecimentos: copy, títulos de convertem, polêmicas que engajam, hashtags, fale somente sobre um assunto, tráfego, como fazer uma bio atrativa e por aí vai (só quem já passou por isso sabe que a demanda não acaba nunca!)


Eu, que era (e ainda sou) TERAPEUTA e não criadora de conteúdo digital ou formada em marketing, comecei a ficar muito frustrada por depender de estar 24h presente no Instagram para que o conteúdo fosse entregue para os meus seguidores. Sempre produzi com o intuito de acrescentar um conhecimento benéfico para a vida das pessoas, mas agora eu precisava me adaptar e me curvar às novas demandas do Instagram para que no mínimo 10% dos meus seguidores recebessem o conteúdo produzido.


Passei a escutar as “regras” ditadas pelos grandes do marketing, como:

. "Ninguém quer ver conteúdos profundos aqui no Instagram. As pessoas esperam um conteúdo mais mastigado, prático, raso no estilo ‘3 razões pra você se beneficiar de uma constelação’ ao invés de textos grandes”.

. “Utilize cores chamativas com fontes de letras que se destacam”

. “Constância é a chave: você tem que postar no feed todos os dias, postar no mínimo 3 stories em cada período do dia, responder 10 caixinhas, live uma vez na semana e no mínimo 3 reels por semana (e com isso aprender a editar vídeos, produções, gravar com a luz correta e etc)…”


Durante um tempo, tentei atender essa demanda do Instagram para que vocês pudessem continuar a receber a minha entrega. Mas vi que, quanto mais eu tentava me adaptar às regras do digital, mais a “Ju de verdade” se distanciava de vocês.


Quem estava falando com vocês era uma personagem que muitas vezes se sentia escrava do Instagram e que, principalmente, NÃO CONCORDAVA com o formato solicitado.


Como terapeuta, sei o quanto para quem consome, o excesso de informações e as demandas das tecnologias, podem causar estresse crônico e levar a sintomas físicos e psicológicos negativos.


Também entendo que este formato de conteúdo “mastigado” influencia e perpetua um comportamento disfuncional que reforça o vício em dopamina e auto mimo. Se acostumar a receber tudo de forma imediata e sem ter o esforço para pensar, compreender, refletir, a médio prazo pode levar a te paralisar e a sabotar seus projetos. Sua mente não estará mais acostumada a escolher fazer ações que te custam esforço, e sim a somente buscar o prazer imediato.


Outro movimento que também não ressoa com a minha alma é uma “lista de regras generalistas” que mais criam crenças limitantes do que ajudam. Não me entendam mal, precisamos ter uma direção para conseguirmos ter uma vida ordenada, mas não regras aleatórias como se fossemos crianças incapazes de tomar as próprias decisões e assumir a responsabilidade pelas nossas vidas.


A ORDEM é algo que acontece em 100% dos casos, uma verdade que norteia as nossas vidas. A lei da gravidade é um exemplo prático do que estou falando aqui. Outras ordens/leis que atuam em nossas vidas são as 3 Ordens do Amor (as ordens que embasam todo o conhecimento da Constelação Sistêmica) e as leis herméticas descritas no livro O Caibalion (Lei do Mentalismo, Lei da Correspondência, Lei da Vibração, Lei da Polaridade, Lei do Ritmo, Lei da Causa e Efeito e Lei do Gênero).


Já as “regras” ditadas no Instagram são baseadas em crenças. Não olha o todo. Faz um recorte de percepção e passa como regra um parecer pessoal. Um exemplo do que estou falando são as regras que vemos alguns influencers pregando como: “fuja de mulher sem pai pois ela nunca será boa esposa” ou “fique esperto que toda mulher é interesseira”. Essas regras não revelam a verdade, e sim, um sistema de crenças de um homem ressentido.


Eu sei como terapeuta que o mais importante são as pessoas compreenderem as Ordens/leis que atuam em suas vidas, reconhecerem as crenças que norteiam suas decisões para depois poderem de forma livre e autônoma escolher como querem dirigir a própria vida.


Por isso entendo que textos que colocam algo oculto em movimento dentro da sua alma, são textos mais profundos que exigem pausa para SENTIR, se conectar, se abrir para receber, para que Deus com sua divindade possa fluir em você.


Me permiti então, um tempo de observação/auto observação. Sabia exatamente o que eu não queria mais fazer. Precisava agora ter a clareza sobre a melhor forma de transmitir o meu melhor para vocês, respeitando meus valores pessoais.


Com paciência, meditação, intuição, esperei ter a CLAREZA da minha alma. Esse perfil começa então, uma nova fase, que ressoa muito mais comigo:


. Sou minimalista. As imagens dos posts seguirão este estilo, assim como minha imagem visual - pouca maquiagem e sem blazer (o “look do momento” para transmitir “autoridade” no Instagram)

. Gosto de ir no profundo (ou no máximo de profundidade que consigo no espaço que o descritivo me permite). Chega de posts rasos no estilo “5 dicas para deixar de ser uma mulher chata”. Aprecio escrever textos que tragam reflexões sobre família, maturidade, polaridades feminino/masculino, Deus, fé e sobre energias. Não são apenas palavras, tudo isso faz parte do meu cotidiano e guiam meus valores e atitudes (sou Cristã)

. Amo natureza (a nova palheta de cores e imagens serão inspiradas neste meu gosto)

. E, principalmente, gosto de uma vida plena, em paz, ordenada que preza mais por qualidade do que por quantidade.


Dito isso, aparecerei pouco por aqui, mas sempre que aparecer, estarei totalmente em estado de PRESENÇA e ENTREGA, dando o meu melhor para vocês, e não apenas produzindo para "cumprir" uma regra pela qual me permiti ser influenciada tempos atrás...






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